quinta-feira, 22 de abril de 2010

Learning and Teaching with maps


Adriano Rodrigo Oliveira
Doutorando em Didática da Geografia na Universidade de Oviedo – Espanha. E-mail: adrianor10@hotmail.com


WIEGAND, Patrick. Learning and Teaching with maps. London: Routledge, 2006.

O livro "Learning and teaching with maps" de autoria do professor Patrick Wiegand, pesquisador da didática da geografia e cartografia escolar na Faculdade de Educação da Universidade de Leeds na Inglaterra, faz uma extensa revisão bibliográfica de estudos e publicações em língua inglesa relacionados ao ensino e aprendizagem de mapas no contexto escolar, temática de relevância para professores e pesquisadores do ensino de geografia, geociências e da pedagogia.

Com duas partes bem delimitadas, o livro apresenta em seu primeiro bloco os fundamentos teóricos e metodológicos de como os escolares aprendem a linguagem cartográfica, e num segundo bloco apresenta metodologias de ensino para a aprendizagem da cartografia na escola, tanto em uma como em outra parte dos dois blocos o autor traz uma série de referências bibliográficas de pesquisas do mundo de cultura anglo-saxônica, que a nosso entender foram pouco exploradas por pesquisadores brasileiros.

O primeiro bloco está composto de sete capítulos sendo o primeiro dedicado a destacar a importância dos mapas no mundo contemporâneo e o aumento de sua divulgação na Internet e nos meios de comunicação. O segundo capitulo apresenta o conceito de "revolução cartográfica" para destacar as mudanças que sofreram ao longo do tempo a construção e concepção de mapas, por fim essa revolução permite a utilização de novos materiais cartográficos em diversas plataformas digitais. O terceiro capítulo resgata as teorias psicológicas da aprendizagem para explicar como os escolares aprendem conceitos cartográficos, traz enfoques desde uma perspectiva tradicional onde o conhecimento cartográfico é inato e, portanto não exige nenhuma formação específica, passando por referenciais Piagetianos, de Vygotski e por último uma visão mais tecnológica da aprendizagem, apresentando tendências do processamento da informação para aprendizagem com mapas.

Os capítulos seguintes trazem uma abordagem bastante prática do ensino, o capítulo quatro destaca procedimentos para se trabalhar com a representação espacial, o uso de fotografias aéreas e mapas de grande escala, o seguinte trata de como as crianças usam os mapas para realizar deslocamentos e quais os processos de raciocínio envolvidos nesta atividade de ler e usar mapas e por ultimo o autor apresenta dois capítulos que partem da aprendizagem com mapas de pequena escala, como mapas topográficos e curvas de nível até chegar no uso de planisférios e globos e documentos em formato eletrônico.

A segunda parte do livro está dedicada às propostas metodológicas, o autor destaca que no ensino de geografia escolar existe uma distância entre o que se ensina na escola e o que realmente uma pessoa adulta deveria de aprender sobre o uso de mapas no cotidiano, considera que normalmente se ensina a ler o mapa e não a usar o mapa, desse modo as habilidades importantes para a vida cotidiana como saber utilizar as direções, seguir uma rota, orientar um mapa para localizar e se locomover não são consideradas na escola, ficando a prática docente presa a aspectos como o ensino dos pontos caldeais, fusos horários etc.

Nesta segunda parte o autor faz uma diferença entre as habilidades de "ler o mapa", "analisar o mapa" e "interpretar o mapa", para ele ler o mapa consiste apenas em obter uma informação do mapa. A análise supõe uso de conhecimentos da cartografia, utilizar informação para descrever estruturas, estabelecer relações e interpretar supõe a aplicação de uma informação adquirida previamente na ordem de resolver problemas e tomar decisões.

Os capítulos finais desta segunda parte do livro se referem às dificuldades para se trabalhar com mapas, traz sugestões e soluções para atenuar dificuldades de estudantes com visao reduzida. Para finalizar a parte referente aos capítulos o autor apresenta atividades concretas com uso de mapas considerando uma progressão segundo a idade dos alunos, por uma parte enumera as habilidades tradicionais que podem ser alcançadas a cada idade e por outra apresenta os materiais que permitem uma iniciação aos mapas digitais. O livro se completa com um apêndice que enumera um conjunto de endereços eletrônicos na web que tratam de temáticas relacionadas ao uso das geotecnologias aplicadas ao ensino de mapas.

O autor finaliza apresentando ao leitor uma ampla bibliografia quase que exclusivamente em língua inglesa o que proporciona um amplo panorama da situação das pesquisas em cartografia escolar no mundo anglo-saxão com textos da década dos anos setenta até a atualidade, por outro lado nota-se ausência de referências bibliográficas de outros contextos culturais, considerando que em diversos países externos ao mundo anglo também existe produtividade crescente sobre a didática da cartografia.

Revista Sociedade e Natureza

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