terça-feira, 21 de junho de 2011

Etnologia antropologia

Aline Winter Sudbrack
Faculdade Portoalegrense de Ciências e Letras - Brasil


TOLRA, Philippe Laburthe; WARNIER, Jean-Pierre. Etnologia antropologia. 2. ed. Trad. Anna Hertmann Cavalcanti. Petrópolis: Vozes, 1999. 469 p.

No mundo atual onde os problemas étnicos reaparecem e no qual a demanda pelo reconhecimento das diferenças, sejam elas políticas, sociais, culturais ou de gênero encontra-se na ordem do dia, a Antropologia Social tem dado contribuições importantes em seu esforço para um melhor entendimento das relações humanas. Este campo de saber com sua diversidade, riqueza e heterogeneidade, contribui com um novo olhar sobre a experiência humana no tempo e no espaço. Pois vivemos num mundo de fenômenos desprovidos de conteúdo social, que se originam das condições hostis que invadem a sociedade, dos perigos e incertezas que nos cercam, da ênfase colocada no indivíduo, onde o outro torna-se o nosso inimigo imediato. No individualismo moderno, a impessoalidade converteu-se em indiferença e pouco a pouco, desaprendemos a gostar de gente. Daí que, a Antropologia Social, nos ensina que este outro, muito antes de constituir-se numa ameaça, é alguém que devemos conhecer e respeitar como uma parte de nós mesmos, companheiro e cúmplice da fascinante jornada que empreendemos na universalidade da dimensão que nos "torna" humanos.

Neste sentido, o livro de Tolra e Warnier, "Etnologia Antropologia", contribui com a reflexão a partir da alteridade sócio cultural desta ciência, apresentando a pluralidade de tradições e estilos fundadores deste campo de saber. O livro é dividido em cinco partes: A Etnologia Antropologia; As Relações Sociais; A Função Simbólica; Riqueza e Sociedade; A Pesquisa que são expostas de uma forma didática, fornecendo um amplo roteiro das teorias fundadoras da disciplina e suas especificidades. Com isso, converte-se num guia de grande utilidade, não só para alunos de graduação em Ciências Sociais, mas também para os demais interessados de outras áreas, como as do Direito, Medicina, Psicologia e Comunicação Social. A linguagem clara e concisa dos autores permite até mesmo aos leitores leigos uma visão abrangente e atualizada dos principais temas tratados em Antropologia, sem recorrer a simplificações excessivas. Em geral, há uma carência de obras desta natureza, em especial para os professores que lecionam as disciplinas básicas e que necessitam de um roteiro sólido e acessível para introduzir os alunos na aventura antropológica. O livro traz ainda em cada um de seus capítulos uma seção com leituras suplementares tanto de textos clássicos, quanto de textos recém publicados, com um elenco de obras em lingua portuguesa.

Na última parte destinada à pesquisa, os autores salientam questões pontuais, quando afirmam que a peculiaridade da pesquisa em Antropologia, comparando-a com as demais Ciências Sociais é " sobretudo a prolongada familiaridade desde dentro, numa relação direta e de comunicação com um grupo, uma região, uma comunidade política, linguística ou residencial" p 423 Ou seja, enfatizam o essencial da pesquisa antropológica que são as sutilezas, as subjetividades que as demais áreas não conseguem captar e que a tornam, por isso mesmo única e exclusiva para aqueles que desenvolveram a sensibilidade do olhar antropológico.

Envolvendo amplos segmentos da sociedade, que, há muito, extrapolaram as fronteiras da comunidade acadêmica, a Antropologia Social apresenta-se como um campo de saber que, por sua diversidade, riqueza e heterogeneirade da experiência humana no tempo e no espaço. Pois nesta sociedade altamente competitiva, alguns a chamam pós-moderna com a ênfase colocada sobre o indivíduo, na qual as lutas coletivas foram trocadas pela idéia de superação pessoal.

Revista Horizontes Antropológicos

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