Literatura popular no ensino da língua portuguesa
Bel Levy
– Estudo é coisa séria
Não me venha com pilhéria
Decore a cartilha, sim senhor!
– Que é isso, professor?
É com rima e bom humor
Que o menino vira doutor!
Se você gostou dos versos acima, certamente simpatizará com Janduhi Dantas: eles foram construídos inspirados nas 263 sextilhas que ele compôs em sua Gramática no cordel . Professor de português de escolas de ensino médio e cursinhos pré-vestibulares da Paraíba, ele resolveu divulgar regras gramaticais de forma criativa para facilitar – e alegrar – o aprendizado dos alunos.
A literatura de cordel é bastante popular no Norte e Nordeste e durante muito tempo funcionou como um meio de divulgar as histórias e a cultura de uma região. Antes dos jornais, do rádio e da televisão, era por meio dos folhetos de cordel que o povo tomava conhecimento dos feitos de Lampião e Maria Bonita, de crimes, milagres e até de secas e enchentes.
Janduhi, que é cordelista, aproveitou essa característica tradicional do gênero para fazer circular, de forma simples e interessante, as normas às vezes complicadas da gramática: "As rimas ajudam a memorizar e, como os versos são geralmente engraçados, o aprendizado se torna mais rápido e a aula, eficiente", garante o professor.
A idéia de escrever a Gramática no cordel surgiu quando seus filhos, de 12 e 11 anos, pediram-lhe ajuda para uma prova de português. "Nisso me deu um estalo / e a luz da idéia acendeu: / eu disse – agora, meninos, / uma idéia me ocorreu: / 'cês vão aprender gramática / como nunca se aprendeu", conta Janduhi na introdução do livro.
O cordelista começou, então, a criar as sextilhas gramaticais que hoje compõem a obra. São estrofes sobre fonologia, semântica, morfologia e sintaxe, que explicam as regras da língua portuguesa e esclarecem dúvidas comuns entre os alunos – como a diferença entre há e a , afim e a fim , onde e aonde .
A publicação foi totalmente financiada por Janduhi, em uma pequena gráfica da cidade, o que resultou numa edição modesta. Ele mesmo vende os exemplares em escolas da região, com a ajuda sobretudo de amigos. A Gramática no cordel custa R$ 12 e pode ser adquirida junto ao autor pelo telefone (83) 421-8977 ou pelo e-mail dantasjn@ig.com.br .
A gramática no cordel
Janduhi Dantas
Gráfica, Editora e Cartonagem Visão
Patos (PB), 2004
51 páginas
Confira algumas sextilhas da Gramática no cordel :
Substantivo
O Substantivo dá
Nomes aos seres em geral.
É o nome dado a coisa,
Ação, pessoa, animal...
É palavra variável
Em gênero, número e grau.
Mortadela, sem n
Não vá comer morta n dela
Pra não ter idigestão,
Mas mortadela , sem n ,
Pode comer de montão:
“Levante a mão quem não gosta
De mortadela no pão!”
Cocô gelado?!
Colocar acento em coco
È um erro bem danado!
Principalmente no fim
Se o acento é colocado
Pois ninguém está maluco
De beber “ cocô gelado”!
Há = passado, a = futuro
Na indicação de tempo,
Há e a são empregados:
A se emprega no futuro ,
Há se usa no passado –
"Vou sair daqui a pouco",
" Há dias fui ao mercado".
Revista Ciência Hoje
Bel Levy
– Estudo é coisa séria
Não me venha com pilhéria
Decore a cartilha, sim senhor!
– Que é isso, professor?
É com rima e bom humor
Que o menino vira doutor!
Se você gostou dos versos acima, certamente simpatizará com Janduhi Dantas: eles foram construídos inspirados nas 263 sextilhas que ele compôs em sua Gramática no cordel . Professor de português de escolas de ensino médio e cursinhos pré-vestibulares da Paraíba, ele resolveu divulgar regras gramaticais de forma criativa para facilitar – e alegrar – o aprendizado dos alunos.
A literatura de cordel é bastante popular no Norte e Nordeste e durante muito tempo funcionou como um meio de divulgar as histórias e a cultura de uma região. Antes dos jornais, do rádio e da televisão, era por meio dos folhetos de cordel que o povo tomava conhecimento dos feitos de Lampião e Maria Bonita, de crimes, milagres e até de secas e enchentes.
Janduhi, que é cordelista, aproveitou essa característica tradicional do gênero para fazer circular, de forma simples e interessante, as normas às vezes complicadas da gramática: "As rimas ajudam a memorizar e, como os versos são geralmente engraçados, o aprendizado se torna mais rápido e a aula, eficiente", garante o professor.
A idéia de escrever a Gramática no cordel surgiu quando seus filhos, de 12 e 11 anos, pediram-lhe ajuda para uma prova de português. "Nisso me deu um estalo / e a luz da idéia acendeu: / eu disse – agora, meninos, / uma idéia me ocorreu: / 'cês vão aprender gramática / como nunca se aprendeu", conta Janduhi na introdução do livro.
O cordelista começou, então, a criar as sextilhas gramaticais que hoje compõem a obra. São estrofes sobre fonologia, semântica, morfologia e sintaxe, que explicam as regras da língua portuguesa e esclarecem dúvidas comuns entre os alunos – como a diferença entre há e a , afim e a fim , onde e aonde .
A publicação foi totalmente financiada por Janduhi, em uma pequena gráfica da cidade, o que resultou numa edição modesta. Ele mesmo vende os exemplares em escolas da região, com a ajuda sobretudo de amigos. A Gramática no cordel custa R$ 12 e pode ser adquirida junto ao autor pelo telefone (83) 421-8977 ou pelo e-mail dantasjn@ig.com.br .
A gramática no cordel
Janduhi Dantas
Gráfica, Editora e Cartonagem Visão
Patos (PB), 2004
51 páginas
Confira algumas sextilhas da Gramática no cordel :
Substantivo
O Substantivo dá
Nomes aos seres em geral.
É o nome dado a coisa,
Ação, pessoa, animal...
É palavra variável
Em gênero, número e grau.
Mortadela, sem n
Não vá comer morta n dela
Pra não ter idigestão,
Mas mortadela , sem n ,
Pode comer de montão:
“Levante a mão quem não gosta
De mortadela no pão!”
Cocô gelado?!
Colocar acento em coco
È um erro bem danado!
Principalmente no fim
Se o acento é colocado
Pois ninguém está maluco
De beber “ cocô gelado”!
Há = passado, a = futuro
Na indicação de tempo,
Há e a são empregados:
A se emprega no futuro ,
Há se usa no passado –
"Vou sair daqui a pouco",
" Há dias fui ao mercado".
Revista Ciência Hoje
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