João Paulo Meira Marinho (Geógrafo e professor licenciado pela Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT)
I - OBRA
CORRÊA, Roberto Lobato. Et al. "Geografia: Conceitos e Temas". 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000
- Pag. 15 a 29.
II - CREDENCIAIS DA AUTORIA
Roberto Lobato Corrêa é professor titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal do rio de Janeiro. Trabalhou no IBGE e possui várias obras publicadas com base na organização do espaço.
III - CONCLUSÕES DA AUTORIA
O autor discute em seu texto os conceitos de espaço, considerando as diversas correntes do pensamento geográfico. Ele ressalta que a geografia como ciência social tem como objeto de estudo a sociedade, que para ser entendida utiliza-se de conceitos chave como paisagem, região, espaço, lugar e território. Todos esses conceitos, sempre consideram a ação do homem sobre a superfície terrestre. Desta forma, o "espaço" define-se nas diferentes escalas de tempo, sendo estes períodos separados em: a) ESPAÇO E GEOGRAFIA TRADICIONAL, que é um conjunto de idéias que se estende de 1870 à aproximadamente 1950. Neste período privilegia-se os conceitos de paisagem e região discutindo-se sobre o objeto da Geografia e sua identidade. Os debates incluíam conceitos de paisagem, paisagem-cultural, gênero de vida, diferenciação e áreas. Apesar do espaço não se constituir conceito chave, ele aparece nas obras de Ratzel e Hartshorne, sendo visto como algo indispensável à vida do homem (Ratzel). Este defende ainda os concetos de território e espaço vital, afirmando que o espaço transforma-se em território, através da política. Para Hartshorne, o espaço é visto como "absoluto", sendo um conjunto de pontos que existem, sendo independentes de qualquer coisa. Segundo ele, é tarefa do geógrafo descrever e analisar as interações entre os objetos que compõe o espaço. b) ESPAÇO E GEOGRAFIA TEORÉTICO-QUANTITATIVA. Esta corrente se passa a partir de
1950, período de profundas transformações no pensamento geográfico. Esta passa a ser considerada como ciência social, e o período é marcado pela construção dos modelos, entre eles matemáticos para a comprovação do raciocínio hipotético-dedutivo. O espaço passa a ser conceito chave da disciplina, sendo considerado sob dois aspectos: 1º Planície Isotrópica: Construção teórica, admitindo-se uma planície uniforme, tanto quanto à geomorfologia, clima, cobertura vegetal e ação antrópica. Sob esta planície de lugares iguais, desenvolvem-se ações e mecanismos econômicos que levam à diferenciação do espaço. Nesta planície, a variável mais importante é a Distãncia. 2º Representação Matricial e Topológica: São meios operacionais que nos permitem extrair um conhecimento sobre localizações, fluxos e hierarquia, bem como especializações funcionais. São vários os modelos concebidos sobre a organização espacial e as transformações ocorridas nele. Tais modelos forneciam pistas e indicações relevantes para a compreensão crítica da sociedade nas escalas: temporal e espacial. c) ESPAÇO E GEOGRAFIA CRÍTICA. Ambientada na década de 70, a geografia crítica procura romper com as duas correntes antes menionadas. Neste período, o espaço reaparece como conceito chave. Em Marx, por exemplo, discute-se se o espaço está presente ou ausente e ainda qual a natureza e o significado do espaço. Este período foi muito importante para o geógrafo moderno, pois faz com que o mesmo repense as noções de espaço. Segundo Henri Lefebvre, o espaço deve ser entendido como espaço social, não devendo ser visto como espaço absoluto. Não deve ser um instrumento político, campo de ações de produção. Com esta concepção este autor marca profundamente o espaço de discussão para os geógrafos. Outros geógrafos como o brasileiro Milton Santos se inspiraram neste autor para desenvolver seus conceitos. Milton Santos, define que o espaço deve ser analisado a partir de 04
categorias: 1) FORMA: é o espaço visível exterior de um objeto, isolado ou como um conjunto de objetos formando um padrão espacial (ex. uma casa, um bairro, etc). 2) PROCESSO: Refere-se à uma ação que se realiza de modo contínuo, visando um resultado qualquer implicando tempo e mudança. 3) FUNÇÃO: é definido como uma tarefa, atividade ou papel a ser desempenhado pelo objeto criado. Ex. habitar, trabalho, etc. 4) ESTRUTURA: diz respeito à natureza social e econômica de uma sociedade em um dado momento do tempo. É onde as formas e funções são criadas. Todas estas características devem ser analisadas de forma conjunta, pois uma está intimamente ligada à outra. d) ESPAÇO E GEOGRAFIA HUMANISTA E CULTURAL.
Esta é baseada nas filosofias do significado, especialmente a fenomenologia e o existencialismo. É uma crítica à Geografia lógico-positivista. Assenta-se na subjetividade, na instituição, nos sentimentos, na experiência, no simbolismo, privilegiando o singular e não o particular ou o universal. Revaloriza-se o conceito de paisagem.
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