Manual para curiosos de todas as espécies
Uma pretensiosa compilação de descobertas científicas
Lia Brum
Se você procura uma maneira de se preparar para ganhar um milhão de reais em um jogo de perguntas sobre conhecimentos gerais, Alan Axelrod fornece a solução. Em Ciência a jato , o escritor enumera 202 fatos científicos, desde a Antigüidade até o ano de 2002, de olho em quem deseja rechear seu repertório nessa área. Com uma linguagem simples, o livro pode ser devorado com facilidade. Porém, se você pretende compreender o desenvolvimento da ciência ao longo da história, a obra deve ser encarada apenas como um agradável ponto de partida.
Logo na capa da edição brasileira e na introdução, o autor já deixa bem claro o seu objetivo: Ciência a jato se propõe a mostrar a ciência historicamente e a revelar somente o necessário a um cidadão comum para que demonstre uma boa cultura geral. Essa intenção nutre a idéia de um conhecimento de fachada: o sujeito decora as mais diversas datas e nomes, e quando os cita, passa a impressão de que sabe de variados assuntos. Contudo, não consegue explicar os fatos nem estabelecer relações entre eles.
Para fornecer esse saber superficial, Ciência a jato funciona perfeitamente. Apresenta descobertas que vão desde o uso controlado do fogo pelo homem até a criação de um olho animal a partir de células-tronco. Tudo em ordem cronológica e de forma breve: cada item não ocupa mais do que quatro páginas e, muitas vezes, são empregadas expressões como “é bem provável”, “supõe-se” e “acredita-se” para esclarecer fenômenos. Se absorvidos sem questionamentos, os dados expostos não são aprendidos e correm o risco de ser esquecidos rapidamente.
Por outro lado, Ciência a jato prova ter virtudes ao enfatizar, ao longo de suas 364 páginas, a curiosidade dos cientistas e o seu inconformismo em relação a dogmas como estopim para seus estudos e invenções. Essa ênfase faz com que o leitor se envolva em indagações e passe a questionar o conteúdo do próprio livro. Vista dessa forma, a obra pode se transformar em um excelente estimulante para a busca de explicações mais aprofundadas sobre os fatos mostrados.
Além disso, Axelrod mantém um texto sem termos técnicos e fácil de ler inclusive por aqueles que resistem à “chatice” da ciência. Assim, muita gente pode descobrir, de forma prazerosa, que conveniências consideradas naturais hoje em dia – como a agricultura, o telefone e as cirurgias – resultaram de necessidades, de pesquisas ou até mesmo do acaso ao longo da história da humanidade. Da mesma forma que temas estudados pela ciência e considerados polêmicos atualmente talvez sejam incorporados ao cotidiano no futuro.
Ciência a jato
Alan Axelrod
Rio de Janeiro, 2005, Editora Record
264 páginas
Revista CIÊNCIA HOJE
Uma pretensiosa compilação de descobertas científicas
Lia Brum
Se você procura uma maneira de se preparar para ganhar um milhão de reais em um jogo de perguntas sobre conhecimentos gerais, Alan Axelrod fornece a solução. Em Ciência a jato , o escritor enumera 202 fatos científicos, desde a Antigüidade até o ano de 2002, de olho em quem deseja rechear seu repertório nessa área. Com uma linguagem simples, o livro pode ser devorado com facilidade. Porém, se você pretende compreender o desenvolvimento da ciência ao longo da história, a obra deve ser encarada apenas como um agradável ponto de partida.
Logo na capa da edição brasileira e na introdução, o autor já deixa bem claro o seu objetivo: Ciência a jato se propõe a mostrar a ciência historicamente e a revelar somente o necessário a um cidadão comum para que demonstre uma boa cultura geral. Essa intenção nutre a idéia de um conhecimento de fachada: o sujeito decora as mais diversas datas e nomes, e quando os cita, passa a impressão de que sabe de variados assuntos. Contudo, não consegue explicar os fatos nem estabelecer relações entre eles.
Para fornecer esse saber superficial, Ciência a jato funciona perfeitamente. Apresenta descobertas que vão desde o uso controlado do fogo pelo homem até a criação de um olho animal a partir de células-tronco. Tudo em ordem cronológica e de forma breve: cada item não ocupa mais do que quatro páginas e, muitas vezes, são empregadas expressões como “é bem provável”, “supõe-se” e “acredita-se” para esclarecer fenômenos. Se absorvidos sem questionamentos, os dados expostos não são aprendidos e correm o risco de ser esquecidos rapidamente.
Por outro lado, Ciência a jato prova ter virtudes ao enfatizar, ao longo de suas 364 páginas, a curiosidade dos cientistas e o seu inconformismo em relação a dogmas como estopim para seus estudos e invenções. Essa ênfase faz com que o leitor se envolva em indagações e passe a questionar o conteúdo do próprio livro. Vista dessa forma, a obra pode se transformar em um excelente estimulante para a busca de explicações mais aprofundadas sobre os fatos mostrados.
Além disso, Axelrod mantém um texto sem termos técnicos e fácil de ler inclusive por aqueles que resistem à “chatice” da ciência. Assim, muita gente pode descobrir, de forma prazerosa, que conveniências consideradas naturais hoje em dia – como a agricultura, o telefone e as cirurgias – resultaram de necessidades, de pesquisas ou até mesmo do acaso ao longo da história da humanidade. Da mesma forma que temas estudados pela ciência e considerados polêmicos atualmente talvez sejam incorporados ao cotidiano no futuro.
Ciência a jato
Alan Axelrod
Rio de Janeiro, 2005, Editora Record
264 páginas
Revista CIÊNCIA HOJE
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