COX, Michael. Leonardo da Vinci e seu supercérebro. Trad. Eduardo Brandão. S.P.: Cia. das Letras, 2004, 176 p.
Em meio ao grande alvoroço editorial causado pela obra “O código Da Vinci” (Editora Sextante, 2004) best-seller do autor norte-americano Dan Brown e seu homônimo cinematográfico, reacendem os fatos relativos � vida e obra de Leonardo da Vinci (1452 - 1519). Misticismos � parte, é possível ao leitor curioso inteirar-se sobre aspectos deste personagem. Se dentre o público leitor encontram-se professores, o assunto até então abordado sob o enfoque místico-religioso ganha status de ciência, mais especificamente de história da ciência; pois é tarefa docente fornecer não apenas seus conteúdos pedagógicos de forma pronta e acabada, mas sim apresentar também aspectos do ser humano responsável pela criação, desenvolvimento e divulgação da determinada área científica.
Um exemplo desse ideal é o livro Leonardo da Vinci e seu supercérebro, de autoria de Michael Cox lançado no Brasil em 2004 (Companhia das letras, 176 pág., tradução de Eduardo Brandão, ilustrações de Clive Goddard) é o quarto exemplar integrante da coleção Mortos de Fama, responsável por apresentar biografias de personagens ilustres da História (Cleópatra, Al Capone e Elvis Presley) e da Ciência (Isaac Newton, Albert Einstein e agora Leonardo da Vinci) ao dito público infanto-juvenil, de maneira simples, bem humorada e recheada de belas ilustrações. O livro, organizado em 14 pequenos capítulos, excluídos dessa contagem a introdução e o epílogo, relata a vida de Leonardo da Vinci e suas principais obras, bem como discute os fatores históricos envolvidos no período em que esta personagem viveu.
Leonardo nasceu na aldeia de Vinci, na atual Itália em 15 de abril de 1452, e devido a separação dos pais pouco depois de seu nascimento, o pequeno Leonardo ficou com os avós e o tio paterno, Francesco, no vilarejo de Vinci. Durante a infância, relata Michael Cox, embora não se saiba muito sobre esse período de sua vida, Leonardo era um garoto extremamente curioso e desenhava tudo o que via. Acredita-se também que ele não freqüentou a escola, mas sim teve como orientador o padre do vilarejo, que lhe ensinou “coisas fundamentais”. Michael Cox as descreve como os “Três As”: aritmética, a ler, a escrever.
Na adolescência Leonardo e seu pai mudam para Florença. Neste momento do livro (Capítulo “A Renascença é um Barato”), o autor faz um corte histórico e retrata os aspectos da Florença do século XV junto as principais características do período Renascentista, de modo humorado e muito bem ilustrado.
Nos três capítulos seguintes (“Garanta o seu futuro no Estúdio Verrocchio”, “Um é pouco, dois é bom, três é demais!” e “Pintando o Sete”) é retratado o período em que Leonardo freqüentou o ateliê de Andréa Del Verrocchio em Florença. Naquela época, começava-se como aprendiz nesses estúdios de arte. O leitor é convidado a vivenciar o dia-a-dia de Leonardo neste ambiente: o autor descreve os pormenores dessas atividades como o preparo dos materiais, a moagem dos pigmentos (os insetos são a fonte das cores!), confecção de pincéis (feitos com pêlos de porco) e as diferenças entre a pintura a tempera � ovo e a pintura � óleo.
Um capítulo inteiro é dedicado � discussão histórica do surgimento da perspectiva e a contribuição que Leonardo criará: o perspectógrafo, cuja função segundo o autor, era destinado a facilitar o desenho e a pintura e a garantir máxima precisão dos detalhes e da perspectiva. Leonardo ajudou seu mestre, Verrocchio, na pintura de um anjo em um de seus quadros; partindo daí, o autor trata as diversas técnicas de pintura renascentista: sfumato, chiaroscuro e afresco. Depois desse episódio, Leonardo, então com 23 anos inicia sua carreira de mestre-pintor na Companhia de São Lucas, uma das associações florentinas de artistas. No capítulo “Estados Desunidos da Itália”, Michael Cox discute a situação política da atual Itália, no século XV: um território dividido em cerca de 14 cidades-Estado, cada qual controlada por uma família (Médici, Sforza, entre outros), que vez ou outra entravam em guerra.
Embora até aqui não tenha sido mencionado, o autor utiliza-se de outro artífice, além das ilustrações, com o intuito de aproximar leitor e personagens: muitos fatos são narrados via um “jornal de época” como “A Folha de Florença” e o “Tribuna Milanesa”, além das anotações no “Caderno Perdido do Léo”. Detalhe importante: Leonardo escreveu mais de 13 mil páginas sobre os mais variados assuntos como música, anatomia e mecânica, a maioria deles de uma forma curiosa: Leonardo escrevia de trás para frente da direita para a esquerda! Em 1482, então com 30 anos de idade, Leonardo muda-se de Florença para Milão, e consegue um cargo no palácio de Ludovico Sforza (1451 - 1508). Leonardo exerce pelo menos três cargos, segundo o autor: 1º) pintor da corte; 2º) Mestre das festividades da corte e 3º) Engenheiro-geral e Mestre-de-obras. Foi neste período, em Milão, que Leonardo da Vinci envolveu-se num grande projeto: a construção de uma estátua de bronze de um gigantesco cavalo que, infelizmente não chegou a ser realizada por ele (apenas 500 anos depois...); e pintou a “Última Ceia”, localizada no refeitório (melhor lugar para retratar uma ceia!) do mosteiro de Santa Marie delle Grazie, também localizado em Milão. Nos momentos subseqüentes são apresentados ao leitor as principais datas de tentativa e/ou realização das restaurações na obra, bem como os infortúnios ocorridos com a mesma. Em 1500, sai de Milão e daí em diante, e praticamente pelo resto da vida, Leonardo perambula por diversas cidades da Europa, sem destino certo.
Os capítulos finais abordam as invenções bélicas e detalhes da obra Mona Lisa, mundialmente conhecida e também de sua autoria, além das discussões entre ele e o então jovem Michelangelo Buonarrotti (1475 – 1564). Há um capítulo exclusivo � um dos fascínios de Leonardo: as máquinas voadoras. Leonardo morreu em 2 de maio de 1519, aos 67 anos. Seu corpo foi enterrado na França e devido a restaurações posteriores não se sabe ao certo se os ossos ali enterrados são, realmente, de Leonardo. Devido a esta dúvida, está gravado o seguinte em sua lápide:
“AQUI JAZ O QUE SE ACREDITA SEREM OS RESTOS MORTAIS DE LEONARDO DA VINCI”. A leitura deste livro, inicialmente de caráter despreocupado e juvenil, demonstra que entre a leitura fácil, agradável e indiscutivelmente bem humorada é possível proporcionar ao leitor, seja ele de qualquer idade, fatos interessantes e cientificamente corretos, mediante uma abordagem diferenciada. O conhecimento científico não é exclusividade dos poucos escolhidos do Olimpo: são de extrema importância sugerir tais leituras a todos, jovens, adultos e crianças. Boa leitura!
¹Discente do 4º ano do curso de Licenciatura em Matemática da FCT-UNESP campus de Presidente Prudente e atua junto ao L.E.M - Laboratório de Ensino de Matemática, mantido pela mesma isntituição.
DE PAULA, Enio Freire¹
Em meio ao grande alvoroço editorial causado pela obra “O código Da Vinci” (Editora Sextante, 2004) best-seller do autor norte-americano Dan Brown e seu homônimo cinematográfico, reacendem os fatos relativos � vida e obra de Leonardo da Vinci (1452 - 1519). Misticismos � parte, é possível ao leitor curioso inteirar-se sobre aspectos deste personagem. Se dentre o público leitor encontram-se professores, o assunto até então abordado sob o enfoque místico-religioso ganha status de ciência, mais especificamente de história da ciência; pois é tarefa docente fornecer não apenas seus conteúdos pedagógicos de forma pronta e acabada, mas sim apresentar também aspectos do ser humano responsável pela criação, desenvolvimento e divulgação da determinada área científica.
Um exemplo desse ideal é o livro Leonardo da Vinci e seu supercérebro, de autoria de Michael Cox lançado no Brasil em 2004 (Companhia das letras, 176 pág., tradução de Eduardo Brandão, ilustrações de Clive Goddard) é o quarto exemplar integrante da coleção Mortos de Fama, responsável por apresentar biografias de personagens ilustres da História (Cleópatra, Al Capone e Elvis Presley) e da Ciência (Isaac Newton, Albert Einstein e agora Leonardo da Vinci) ao dito público infanto-juvenil, de maneira simples, bem humorada e recheada de belas ilustrações. O livro, organizado em 14 pequenos capítulos, excluídos dessa contagem a introdução e o epílogo, relata a vida de Leonardo da Vinci e suas principais obras, bem como discute os fatores históricos envolvidos no período em que esta personagem viveu.
Leonardo nasceu na aldeia de Vinci, na atual Itália em 15 de abril de 1452, e devido a separação dos pais pouco depois de seu nascimento, o pequeno Leonardo ficou com os avós e o tio paterno, Francesco, no vilarejo de Vinci. Durante a infância, relata Michael Cox, embora não se saiba muito sobre esse período de sua vida, Leonardo era um garoto extremamente curioso e desenhava tudo o que via. Acredita-se também que ele não freqüentou a escola, mas sim teve como orientador o padre do vilarejo, que lhe ensinou “coisas fundamentais”. Michael Cox as descreve como os “Três As”: aritmética, a ler, a escrever.
Na adolescência Leonardo e seu pai mudam para Florença. Neste momento do livro (Capítulo “A Renascença é um Barato”), o autor faz um corte histórico e retrata os aspectos da Florença do século XV junto as principais características do período Renascentista, de modo humorado e muito bem ilustrado.
Nos três capítulos seguintes (“Garanta o seu futuro no Estúdio Verrocchio”, “Um é pouco, dois é bom, três é demais!” e “Pintando o Sete”) é retratado o período em que Leonardo freqüentou o ateliê de Andréa Del Verrocchio em Florença. Naquela época, começava-se como aprendiz nesses estúdios de arte. O leitor é convidado a vivenciar o dia-a-dia de Leonardo neste ambiente: o autor descreve os pormenores dessas atividades como o preparo dos materiais, a moagem dos pigmentos (os insetos são a fonte das cores!), confecção de pincéis (feitos com pêlos de porco) e as diferenças entre a pintura a tempera � ovo e a pintura � óleo.
Um capítulo inteiro é dedicado � discussão histórica do surgimento da perspectiva e a contribuição que Leonardo criará: o perspectógrafo, cuja função segundo o autor, era destinado a facilitar o desenho e a pintura e a garantir máxima precisão dos detalhes e da perspectiva. Leonardo ajudou seu mestre, Verrocchio, na pintura de um anjo em um de seus quadros; partindo daí, o autor trata as diversas técnicas de pintura renascentista: sfumato, chiaroscuro e afresco. Depois desse episódio, Leonardo, então com 23 anos inicia sua carreira de mestre-pintor na Companhia de São Lucas, uma das associações florentinas de artistas. No capítulo “Estados Desunidos da Itália”, Michael Cox discute a situação política da atual Itália, no século XV: um território dividido em cerca de 14 cidades-Estado, cada qual controlada por uma família (Médici, Sforza, entre outros), que vez ou outra entravam em guerra.
Embora até aqui não tenha sido mencionado, o autor utiliza-se de outro artífice, além das ilustrações, com o intuito de aproximar leitor e personagens: muitos fatos são narrados via um “jornal de época” como “A Folha de Florença” e o “Tribuna Milanesa”, além das anotações no “Caderno Perdido do Léo”. Detalhe importante: Leonardo escreveu mais de 13 mil páginas sobre os mais variados assuntos como música, anatomia e mecânica, a maioria deles de uma forma curiosa: Leonardo escrevia de trás para frente da direita para a esquerda! Em 1482, então com 30 anos de idade, Leonardo muda-se de Florença para Milão, e consegue um cargo no palácio de Ludovico Sforza (1451 - 1508). Leonardo exerce pelo menos três cargos, segundo o autor: 1º) pintor da corte; 2º) Mestre das festividades da corte e 3º) Engenheiro-geral e Mestre-de-obras. Foi neste período, em Milão, que Leonardo da Vinci envolveu-se num grande projeto: a construção de uma estátua de bronze de um gigantesco cavalo que, infelizmente não chegou a ser realizada por ele (apenas 500 anos depois...); e pintou a “Última Ceia”, localizada no refeitório (melhor lugar para retratar uma ceia!) do mosteiro de Santa Marie delle Grazie, também localizado em Milão. Nos momentos subseqüentes são apresentados ao leitor as principais datas de tentativa e/ou realização das restaurações na obra, bem como os infortúnios ocorridos com a mesma. Em 1500, sai de Milão e daí em diante, e praticamente pelo resto da vida, Leonardo perambula por diversas cidades da Europa, sem destino certo.
Os capítulos finais abordam as invenções bélicas e detalhes da obra Mona Lisa, mundialmente conhecida e também de sua autoria, além das discussões entre ele e o então jovem Michelangelo Buonarrotti (1475 – 1564). Há um capítulo exclusivo � um dos fascínios de Leonardo: as máquinas voadoras. Leonardo morreu em 2 de maio de 1519, aos 67 anos. Seu corpo foi enterrado na França e devido a restaurações posteriores não se sabe ao certo se os ossos ali enterrados são, realmente, de Leonardo. Devido a esta dúvida, está gravado o seguinte em sua lápide:
“AQUI JAZ O QUE SE ACREDITA SEREM OS RESTOS MORTAIS DE LEONARDO DA VINCI”. A leitura deste livro, inicialmente de caráter despreocupado e juvenil, demonstra que entre a leitura fácil, agradável e indiscutivelmente bem humorada é possível proporcionar ao leitor, seja ele de qualquer idade, fatos interessantes e cientificamente corretos, mediante uma abordagem diferenciada. O conhecimento científico não é exclusividade dos poucos escolhidos do Olimpo: são de extrema importância sugerir tais leituras a todos, jovens, adultos e crianças. Boa leitura!
¹Discente do 4º ano do curso de Licenciatura em Matemática da FCT-UNESP campus de Presidente Prudente e atua junto ao L.E.M - Laboratório de Ensino de Matemática, mantido pela mesma isntituição.
Revista Saber Acadêmico
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