sexta-feira, 27 de julho de 2012

O continente do labor


Ricardo Antunes, Ed. Boitempo Editorial


O continente do laboré uma reflexão sobre as lutas sociais na história recente da América Latina. O balanço feito por Ricardo Antunes sobre a evolução da relação capital-trabalho e suas ligações com as lutas sindicais e políticas desde 1930 retrata a história do continente do ponto de vista da resistência dos trabalhadores aos ataques sistemáticos do capital. O livro mostra como operários, camponeses, trabalhadores rurais, sem terra, desempregados, indígenas, enfim, todos os que dependem do próprio trabalho para sobreviver responderam com formas criativas de autodefesa e rebeldia ao caráter particularmente opressivo de exploração e dominação do capitalismo dependente.
O continente do labor procura desvendar as características perversas da nova ofensiva do capital sobre o trabalho e sua manifestação devastadora na América Latina e no Brasil. A tese de Antunes é inequívoca. A “desertificação neoliberal” aprofunda os nexos entre desenvolvimento capitalista e barbárie, e coloca na ordem do dia a necessidade histórica da revolução socialista.
Sem se esquivar de questões controversas, o autor expõe, franca e corajosamente, sua interpretação sobre as limitações das experiências socialistas do século XX, assim como sobre as esperanças e as frustrações que acompanharam as lutas sindicais e socialistas na América Latina. Ênfase particular é dada à compreensão da trajetória e do significado histórico do PCB, do PT, da CUT e do MST – organizações que tiveram maior influência sobre os trabalhadores brasileiros. Resgatando o pensamento de Marx, Mariátegui, Florestan Fernandes e István Mészáros, Antunes explicita os parâmetros que, a seu ver, devem balizar o movimento socialista latino-americano no século XXI.
Escritos em linguagem simples e despretensiosa, perfeitamente acessível ao grande público, os artigos reunidos em O continente do labor sintetizam uma densa reflexão, alicerçada em anos de docência, pesquisa e militância, sobre as características da dominação burguesa e sobre as lutas de resistência da classe trabalhadora no continente. É leitura necessária para todos os preocupados em deter o avanço da barbárie.


Plínio de Arruda Sampaio
Ativista, político e membro do Psol
Le Monde Diplomatique Brasil

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